sábado, 27 de março de 2010

Mensagem enviada para o Provedor do Ouvinte da Antena 1

Exmo. Sr. Provedor do Ouvinte,

Sou um cidadão preocupado com o progresso e bem-estar da comunidade global. Interesso-me por temas sociais, políticos, ambientais, económicos, civilizacionais, culturais, etc.. Por isso, quando ligo a rádio, é sempre na expectativa de ouvir notícias, debates, programas de divulgação temática (sobre economia, saúde, ambiente, política), etc.. O tempo é o nosso bem mais escasso, e com tantas questões importantes por resolver no nosso mundo, considero um desperdício ouvir música comercial ("pop") pela rádio, e um desperdício ainda maior ouvir relatos de futebol.

Durante a semana, geralmente consigo encontrar, entre as 4 rádios de referência nacionais (A1, RCP, RR e TSF), alguma que esteja a transmitir programação relevante em cada momento. Porém, durante os jogos da 1.ª liga de futebol, *todas* estas rádios transmitem o relato do jogo *em simultâneo*. Esta situação recorrente (que ainda hoje testemunhei) não pode deixar de causar-me perplexidade, desânimo, e vergonha do país em que vivo -- este país em que se permite a uma estação pública esbanjar desta forma o dinheiro que é de todos.

Os serviços públicos existem para suprir as necessidades dos cidadãos, e entre estas, as que não são devidamente supridas pelos agentes privados em condições de igualdade de acesso. Ora os relatos futebolísticos não cumprem nenhum destes critérios: 1) não constituem uma necessidade dos cidadãos, e 2) existem agentes privados que os proporcionam *gratuitamente*. Assim, não se compreende que a Antena 1 continue a transmitir relatos dos jogos da 1.ª liga, quando existem pelo menos 3 outras rádios nacionais (com boa cobertura do território, pelo menos a RR) a prestar esse serviço.

Estamos em tempo de crise e de profundas transformações globais. Existem numerosas questões a pedir que reflictamos sobre elas e que as debatamos: questões económicas, ambientais, de política internacional, de direitos humanos, questões religiosas e éticas, o desinteresse dos jovens pelo ensino, etc., etc. Agradeço, pois, que a estação pública -- para cujo financiamento também contribuo -- se preocupe mais com estas questões e deixe o futebol para as rádios privadas. Obrigado.

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